terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Viver é preciso, navegar não é mais preciso


Há alguns dias conversava com uma pessoa quando ela citou Fernando Pessoa, dizendo uma de suas célebres frases: “Navegar é preciso; viver não é preciso”. 

Por muito tempo me detive no poema e pensava que o autor dizia, como fala na frase logo abaixo do poema que viver não é necessário, mas criar. No entanto, neste dia, a pessoa com quem conversava se referiu a um outro sentido para a mesma frase. O que mais achei interessante foi que não foi necessário mudar nem uma só palavra para darmos um sentido totalmente novo à frase. Apenas trocarmos o preciso de necessidade, ou seja, aquilo que precisamos par algumas coisa, objeto de uso para preciso de precisão. Assim, o preciso que era necessidade se torna o preciso de acerto, metodologia que garante um resultado.

Depois dessa troca de significado da palavra começamos a divagar a respeito da precisão da navegação e da vida. Para isso perguntei-lhe se a vida não era precisa, ou seja, exata. Ao que me respondeu com um grande sorriso: “Não, como poderia? - a vida é cheia de inexatidões, voltas e revoltas” No entanto a mesma pessoa que se referia a vida de uma maneira tão aberta, livre, era a mesma que pensava e vivia muitas verdades lineares.

Junto com ela muitas outras pessoas pensam na vida como um lugar de liberdade e escolhas, mas na realidade fazem da vida uma encenação onde palco e roteiro já estão definidos. O que escrevo adiante é um bom exemplo de como a vida pode ser precisa: “Com tantos anos iniciei minha vida escolar, portanto, quando eu tiver com tantos anos devo estar na faculdade e assim, com tantos anos devo ter o mestrado. Bom, não posso esquecer da vida pessoal. Quando estiver na faculdade vou arrumar uma namorada (o) e provavelmente logo depois da formatura faremos o casamento. Dois anos de casado teremos filhos e organizaremos o planejamento de como será nossa velhice. 

De repente surgiu em minha mente, como um diálogo virtual, o que seria dito e narrado por um casal de aventureiros que há dois anos viaja por este Brasil afora. Mentalmente imagino que responderiam assim, tanto o Sales quanto a Crys a esta questão: 

- Só que não, pois, daqui pra frente, será só NOIS PELO MUNDO, não de barquinho ou caravela, mas com nosso pequeno drone  mostrando, quando permitem os bons ventos, com sua visão aguçada de pássaro planador, o lado mais belo e romântico das paisagens. Também com a Joaquina, nossa "motor home", fiel companheira, condutora e guia, sempre desbravando os lugares mais recônditos e inéditos, escolhidos ao léu, mas resulta sempre em agradáveis surpresas que enchem nossos corações de júbilo e alegria, fazendo nossa vida valer muito à pena ser vivida. Diariamente uma nova e agradável surpresa nos surpreende, pois não seguimos um roteiro absoluto, nem rotinas, afinal, não estamos mais em um palco comum da vida, onde tudo, diuturnamente, caminhava de forma automatizada e formal. È sim, vivíamos no piloto automático, sempre a mesma enfadonha rotina: lava filho, lava cachorro, lava carro, vai para o trabalho, volta, dorme. Levantávamos no dia seguinte e repetíamos a mesma rotina por séculos. É, o tempo passava tão rápido que pareciam assim, tipo secular, tal qual a maioria das pessoas no mundo o faz por anos a fio, sem sequer se darem conta do que está acontecendo de verdade. Era assim, porém, um belo dia um estalo em nossas cabeças e pronto, tudo começou a mudar. Agora os séculos demoram milênios para passarem, sempre repletos de novidades, paisagens e pessoas amigas diferentes. Descobrimos que para estar no Paraiso não precisamos de uma quimera ilusão fantasiosa pós morte, muito pelo contrário, temos a certeza de sua existência física real, pois vivenciamos a cada segundo que passa a sua presença. É uma vida bem diferente, repleta de minutos, horas, e dias maravilhosos. 

É, eles são assim, bem empolgantes e maravilhosos, mesmo em minha fértil imaginação eles exageram um pouco quando se trata de felicidade.  

Pelo sim ou pelo não, incontestavelmente deveríamos chegar a uma só conclusão: Viver é melhor, como responderiam o mais jovem casal de aventureiros, Ninha e Claucio, do motor home Biguia_For e amigos do Sales e da Crys.

Porém, voltando ao tema anterior, sabem o que isto representa? contradizer, com muito gosto, o nosso querido Fernando Pessoa dizendo: Viver como vivemos, é totalmente preciso, navegar, nem tanto, sempre dependerá das calmas ou bravas correntes marítimas, subordinadas às fases lunares e às forças e mutantes diretrizes dos ventos. 

Não há problema nenhum em planejar, orientar a própria vida ou até mesmo esquadrinhar as possibilidades de futuro, mas tornar-se refém de um planejamento ... para a navegação a precisão é o que garante o destino correto.  

Mas, quanto a nossa vida, temos como garantir que nossa bússola aponte para a direção certa? Não temos nenhuma dúvida? Não há a possibilidade de errarmos no caminho? Será que nosso GPS, físico ou mental entende, assim, tão bem de geografia? Não são poucas as pessoas que nos dias atuais sofrem porque não são o que planejaram ser, mas nunca pensaram se não são o que deveriam ser. Será que não estamos no lugar e na hora em que deveríamos estar?

A precisão matemática é importante para lidarmos com números, proporções, economia, geografia, mas na vida, quase tudo, só depende, única e exclusivamente de você,  único comandante responsável por sua própria vida e destino.

Nos canais abaixo vocês podem acompanhar as aventuras desses simpáticos, carismáticos e maravilhosos casais:

NOIS PELO MUNDO


VIVER É MELHOR

 

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