Sentimos Raiva de Nossos Filhos ? - Porque ?
Em 1936, a maior mente do desenvolvimento infantil disse que os adultos têm três enormes defeitos: orgulho, ira e tirania. Era a primeira vez que alguém dizia isso sobre a forma como educamos as crianças. Os defeitos continuam existindo.
Quase sempre, nosso orgulho e nossa ira mandam em nós. Como mudar isso?
Os adultos têm orgulho de serem adultos. Achamos fofo quando uma criança consegue subir um degrau, da mesma forma que achamos fofo quando um cachorro pega uma bolinha. Sorrimos dos esforços das crianças, e achamos bonitinho como elas acreditam nas mentiras que contamos sobre o Papai Noel e o Coelho da Páscoa. É incrível, para nós, estarmos tão acima e tão além das habilidades de nossos filhos.
O orgulho é uma casca frágil, que protege as antigas feridas de nossa criança interior, que ainda se lembra do medo, da vulnerabilidade, da sensação de ser sempre insuficiente. O orgulho nos protege da dor, e por isso nós temos muito medo de que alguém fira o orgulho que sentimos.
O problema é que quanto maior o orgulho, mais fácil é ferir. E a criança fere o tempo todo nosso grande orgulho: quando não nos obedece imediatamente, quando responde, quando nega ou quando grita.
Se nosso orgulho é ferido, ele se despedaça, e nós de repente sentimos medo, angústia, a sensação de não sermos pais capazes o suficiente, de termos filhos que nós não somos capazes de educar. Dessa confusão nasce o monstro da ira. Nós reagimos com uma raiva desproporcional às ações da criança.
Montessori dizia que da mistura do orgulho com a ira nasce a tirania.
A criança que é submetida à ira e à tirania de um adulto com orgulho ferido renova o ciclo, e se torna um adulto que também será tirano. Precisamos quebrar esse ciclo antigo.
Montessori também nos disse que o caminho para a transformação é o a humilhação. Não a humildade, mas a humilhação.
Eu descobri a humilhação quando estava caminhando com meu filho e ele subiu em um degrau, e desceu. Eu parei, e ele fez isso mais um par de vezes. Vi que ia durar, e me sentei na calçada. Ele subiu e desceu mais de dez vezes, com certeza. No começo, eu olhava só para ele. Mas depois de um tempo, notei que alguns adultos passavam e me olhavam esquisito. Senti vergonha, levantei, e ia interromper meu filho, quando … “Ah! Isso é a humilhação! É assim que a transformação acontece!” e sentei de novo. Esperei, vermelho, passar minha vergonha. Respirei, até me sentir em paz. Até perceber que eu só estava com vergonha diante dos adultos. Diante de meu filho, eu estava fazendo a coisa certa.
Quando percebemos que a humilhação que sentimos, o orgulho ferido e a dúvida, só são doloridos do ponto de vista adulto, ganhamos uma nova força na vida. Diante da criança, o adulto que se ajoelha, gentil e paciente, não é um humilhado, incapaz. É um adulto admirável.
Para abrir mão de meu orgulho, eu respiro. Uma vez por dia, paro por vinte minutos para prestar atenção à minha respiração. E ao longo do dia faço várias pequenas pausas, de um a cinco minutos, para voltar ao presente e lembrar do que é importante. Minha raiva ainda existe. Mas não manda em mim.
Como você faz para não ser comandado pelo seu orgulho e pela sua ira? Qual o seu caminho para superar a tirania?
- Mas é lamentável como ainda educamos errado “nossos filhos”.
Ensinar a pessoa a ter responsabilidade não é apenas ensinar a cuidar das próprias contas e do dever de casa. Cada ato seu pode afetar a vida do outro, principalmente quando falamos em vida amorosa.
Se a humanidade tivesse mais responsabilidade também neste sentido, teríamos menos sofrimento, enganação e ilusões. Mas também temos que lembrar que responsabilidade é um ato individual e que mesmo que não foi um conhecimento adquirido na família com certeza é um conhecimento que aprendemos na vida adulta. Quem não entende isso sofre e provoca o sofrimento na vida de outras pessoas. Por isso nós, enquanto sociedade, sempre nos indignamos quando estamos diante de pessoas irresponsáveis. E para que nós possamos evitar que mais atos desses aconteçam é importante entendermos que existe uma responsabilidade sentimental. Só você sabe o que sente, como sente e por quem sente. Assuma isto em primeiro lugar para você.
Não ignore que tenha sentimentos, não brinque com os sentimentos dos outros, seja responsável pelas suas palavras, seja responsável pelo seu silêncio, escute os conselhos certos, exclua os errados, não responsabilize terceiros, não terceirize o amor próprio. Se nós cultivarmos o hábito de refletir mais sobre estes temas um dia vão deixar de ser “tabu” e poderemos desfrutar de um período da humanidade com sentimentos incríveis e repleto de responsabilidade sentimental.
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