sexta-feira, 23 de abril de 2021

Na Natureza Selvagem


Christopher McCandless (Emile Hirsch) é um jovem recém-formado, que decide viajar sem rumo pelos Estados Unidos em busca da liberdade. 

Durante sua jornada pela Dakota do Sul, Arizona e Califórnia ele conhece pessoas que mudam sua vida, assim como sua presença também modifica as delas. Até que, após dois anos na estrada, Christopher decide fazer a maior das viagens e partir rumo ao Alasca. 

Em abril de 1992, um jovem de uma família abastada da costa leste dos Estados Unidos, que crescera em um subúrbio rico de Washington, D.C., onde fora excelente aluno e atleta de elite, foi de carona até o Alasca e adentrou sozinho a região selvagem e desabitada ao norte do monte McKinley. Quatro meses depois, seu corpo decomposto foi encontrado por um grupo de caçadores de alce. 

No verão de 1990, logo após formar-se, com distinção, na Universidade Emory, McCandless sumiu de vista. Mudou de nome, doou os 24 mil dólares que tinha de poupança  a uma instituição de caridade, abandonou seu carro e a maioria de seus pertences, queimou todo o dinheiro que tinha na carteira. Inventou então uma vida nova para si, instalando-se na margem maltrapilha de nossa sociedade, perambulando pela América do Norte em busca de experiências cruas, transcendentes. Sua família não tinha ideia de onde estava ou que fim tivera, até que seus restos apareceram no Alasca. 

- A primeira vez que eu vi "na natureza selvagem" foi no ano de lançamento do filme, em 2007 e de cara o longa me marcou.

Ele conta a história real de Christopher McCandless - um jovem que decidiu largar tudo e viajar pelos Estados Unidos da América com pouco ou nenhum dinheiro, até chegar ao Alasca.

Ao longo do filme a gente vem passando por diversas cidades e conhecendo todo tipo de gente. É, essa trama pode parecer simples, mas o filme suscita muitos debates interessantes.

A sociedade de consumo, as consequências do abuso familiar, o que é a verdadeira liberdade, a relação com a natureza, entre outros.

O filme "na natureza selvagem" trata de um tipo de sentimento que eu não vejo muito em filmes, a solitude. A solitude pode parecer com a solidão mas os dois não são exatamente a mesma coisa.

A solidão é a tristeza, o sofrimento em estar sozinho, já solitude é a alegria do prazer em estar sozinho, é saber aproveitar o momento sem necessariamente ter alguém ao seu lado.

Na soledade você não se sente incompleto por não ter companhia você mesmo já é suficiente pra você se sentir realizado na sua experiência, seja numa longa viagem, uma simples ida ao cinema, ou na sua própria casa. Você está sozinho e não tem nada de errado nisso.

Quando eu penso nos filmes que falam sobre estar sozinho, praticamente todos que me vêm à mente falam desse tema sob a perspectiva da solidão.
Temos personagens tristes, às vezes sem companhia alguma, às vezes em meio a dezenas de pessoas.

A solidão permeia a história, nos mostra gente que almeja um contato com o outro, gente que, por causa da solidão, entra em uma espiral de outros sentimentos como ansiedade, confusão e desajuste, isso sem contar os filmes que abordam o estar sozinho sob uma perspectiva mais assustadora.

Em filmes como, 127 horas, entre outros, eu não consigo lembrar de nenhum que aborde este sentimento tão bem quanto "na natureza selvagem".

A gente viu chris se deleitar por não ter ninguém por perto. Ele anda pelo país aproveitando as paisagens naturais, lê um livro em um lugar insólito, viaja escondido em trens.

O cris fica extasiado por estar só a maior parte do tempo, ao contrário dos protagonistas de vários filmes que falam sobre o estar sozinho.

Isso não quer dizer que o tema da solidão não é abordado em "na natureza selvagem", mas a solitude de cris contrasta com a solidão dos outros personagens.

kevin se sente sozinho por ter dificuldades em arranjar uma parceira. A Jane, apesar de estar ao lado de lenny, não deixa de sentir o peso da solidão, após ter perdido o contato com o filho dela.

A irmã de christian, Garin, narra como ela se sentiu sozinha com o desaparecimento do irmão e, é claro, tem um veterano de guerra que perdeu a esposa e os filhos em um acidente de carro e vive completamente só. Ele é tão solitário que chega ao ponto de pedir para adotar o Cris que respondeu - deixa isso para quando eu voltar. A gente vê essas pessoas sofrendo, inclusive quando veem o cris partir. Cris parece ser insensível à solidão desses personagens, por que a solitude dele vem de um ponto de vista muito particular. 

Sobre o que é a verdadeira felicidade.

Isso significa, então, que o cris não vê valor nenhum nas relações humanas?

Claro que não. A gente vê ao longo do filme inteiro ele criando conexões com outras pessoas, estabelecendo laços verdadeiros e, por mais que o objetivo dele seja ir para o Alasca e morar em isolamento ali por algum tempo, ele deixa claro que ele pretende voltar. 

Estar isolado eternamente não parece o propósito definitivo dele ou seja por mais que ele não ache que a verdadeira felicidade da vida dele venha do contato com os demais, a gente vê ele estabelecendo um equilíbrio bastante delicado entre estar sozinho e estar acompanhado, e o que eu não concordo é com a filosofia do Cris, mas eu acho que esse tema do equilíbrio entre a companhia e o estar sozinho é fundamental quando a gente fala da solitude.

Pelo menos com as minhas experiências eu notei que o valor da solidade surge do contraste que ela proporciona com nossa vida conectada às demais pessoas.

Estamos acostumados a ter companhia o tempo todo, em casa, no colégio, na faculdade, no trabalho, e até na rua, no meio da multidão.

Nos dias de hoje em que estamos constantemente conectados via internet a gente sequer precisa ter pessoas fisicamente do nosso lado para sentirmos que temos companhia, e para mim, é toda essa onipresença dos demais que faz a solitude se destacar.

Quando a gente se depara com ela, quando a gente se vê morando sozinho, em uma jornada mundo afora ou em caminhadas pela cidade, então você começa a confrontar tudo o que lhe passa pela cabeça, você experimenta como é ser seu único companheiro e assim a gente cria a oportunidade de conhecer aspectos nossos que a gente podia sequer saber que existiam.

Se você não gostar do que descobriu é provável que você acabe indo mais para o lado da solidão, mas caso você enxergue o valor inestimável em ser sua única companhia, aí meus amigos, vocês descobrem como a solitude é algo único e indescritível.

Entretanto, pra mim, o equilíbrio necessário para curtir a solitude não acaba por aí. Pelas minhas experiências eu percebi que por mais que ficar vários dias seguidos sozinho seja ótimo, chega um ponto em que a solicitude começava, pouco a pouco, a se transformar em solidão e era nessas horas que eu sentia a necessidade de ter mais uma vez a companhia de outras pessoas e é por acreditar que tanto a solitude quanto está acompanhado tem o seu valor. Aí eu me sinto meio dividido em relação à frase mais famosa do filme quando ele está no seu leito de morte perdendo a vida e completamente isolado de qualquer um. Nesse momento final de iluminação simbólica, literalmente, a gente vê no que ele deixou escrito dentro de um livro - a seguinte frase: A felicidade só é verdadeira quando compartilhada.

 Essa frase ganhou repercussão porque é bonita e traduz uma transformação interna do personagem, aliás, ela parece tomar um sentido completamente novo quando inserida no nosso contexto atual em que compartilhar a felicidade em redes sociais é algo tão cotidiano, mas eu não concordo completamente com essa lição entre aspas pra mim é reducionista demais dizer que a felicidade só é verdadeira quando compartilhada, justamente porque o próprio filme nos ensina como é possível ser verdadeiramente feliz apenas consigo mesmo.

Pra mim isso não é uma condição para que essa alegria seja verdadeira, cada um de nós vai lidar com o estar sozinho de sua própria maneira.

Há quem não se importe em ficar sem companhia, tem aqueles que acreditam que, se isolados dos demais, isto seria uma vida ideal.

Cada um acha do seu jeito. Só sei que quando eu descobri o valor da solitude foi uma das melhores experiências que eu já tive em toda a minha vida.

Quando a gente vê esse sentimento tão particular representado de maneira sublime em uma obra de arte, ele só ganha mais poesia, então é isso, "na natureza selvagem" é, com certeza, um dos filmes que mais me impactou ultimamente.

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